VIII OBB/2012- OLIMPÍADA BRASILEIRA DE BIOLOGIA

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quinta-feira, 24 de março de 2011

Texto complementar - Pesquisas genéticas

XIV- TEXTO COMPLEMENTAR/INTERATIVO
MÚMIAS, FÓSSEIS E POPULAÇÕES NA MIRA DAS PESQUISAS GENÉTICAS
Arqueologia, evolução e sociologia se beneficiam da genômica
Felipe Moron
Publicação Original: CBME InFormação Nº 9, de 01/01/2006
A decifração dos genomas de várias espécies de seres vivos contribui com o avanço da medicina, na medida em que ajuda a entender as doenças e leva ao desenvolvimento de novos fármacos. Também tem um papel importante em pesquisas agronômicas – basta lembrar dos polêmicos transgênicos. Porém, a aplicação desses estudos não se restringe às áreas medicinal e agrícola. A genômica também é útil para a arqueologia, a antropologia e os estudos sobre a evolução dos seres vivos.
A genômica é a ciência que estuda a composição dos genes dos organismos, a partir do sequenciamento dos nucleotídeos que compõem suas moléculas de DNA (cada gene corresponde a um trecho dessa seqüência).
Susana Sculaccio, aluna de doutorado e funcionária do IFSC, explica que “os cientistas, após extraírem do organismo o gene de interesse, o colocam em uma máquina que decifra a seqüência de seus nucleotídeos. Ela é então comparada com seqüências arquivadas em um banco de dados.”
Como a função dos genes nos seres vivos é dar informações para a produção de proteínas, a partir do momento em que os pesquisadores têm todas as informações a respeito do gene, podem prever qual proteína será expressa por ele e, consequentemente, a que característica do organismo aquele gene está associado, já que as vias metabólicas são reguladas por proteínas.
E como isso ajuda no entendimento de fatos históricos? No caso da arqueologia, as células da base do fio de cabelo de uma múmia, por exemplo, podem conter informações sobre aquele indivíduo em particular ou referentes a questões étnicas, de migração de povos antigos e mesmo sociais.
A análise de ossadas encontradas por cientistas também constitui um ótimo exemplo da aplicação da genômica na arqueologia. No caso de ossos de Homo sapiens ou de outros hominídeos, a antropologia, mais especificamente, pode ser beneficiada. Por exemplo, em 2005, um grupo de cientistas da Universidade de Leipzig, na Alemanha, decifrou uma proteína óssea de um homem de Neandertal, que habitou a Terra há cerca de 75 mil anos. Com a descoberta, os cientistas pretendem determinar a possível relação genética entre o homem de Neandertal e o Homo sapiens.
A genômica, aliás, ajuda a elucidar toda a árvore evolutiva da biologia. Segundo o professor Otávio Thiemann, do CBME, “antigamente usava-se o processo conhecido como filogenia molecular, em que genes homólogos de vários organismos eram comparados e sua evolução servia de base para a construção de uma árvore filogenética. O problema é que um gene faz parte de um sistema complexo e toda essa complexidade está sujeita a variações – como a deriva genética e outras pressões evolutivas. Assim, nem sempre o organismo que carrega o gene analisado evolui da mesma forma que ele.”
Agora, a genômica permite a analise de genomas inteiros e proporciona um repertório grande de genes, de muitas espécies. Com isso, é mais fácil comparar vários organismos e construir uma árvore filogenética. Além disso, vias metabólicas que existiam em organismos ancestrais podem ser comparadas com aquelas de espécies mais recentes, o que permite inferir conexões evolutivas e informações a respeito da fisiologia dos organismos e sua evolução.

Susana Sculaccio e seu orientador, o pesquisador Otávio Thiemann. O CBME não mantém nenhuma pesquisa em áreas como a arqueologia. Porém, contribui indiretamente com esses estudos, na medida em que analisa proteínas e descobre novas funções gênicas.
Outro exemplo de aplicação dessas pesquisas é o estudo sobre genética populacional coordenado pelo professor Marco Antonio Zago, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Com base no gene da anemia falciforme, o trabalho demonstrou que a população negra brasileira é de origem predominantemente banto, diferente de outras regiões da América. Além de contribuir com a antropologia, essa informação tem implicações na medicina e ajuda na compreensão de doenças hereditárias.
Nessa mesma linha, o estudo “Retrato molecular do Brasil”, liderado por Sérgio Pena, pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais, analisou o processo de mistura gênica que levou à população brasileira atual. Os pesquisadores mapearam na população branca do Brasil atual as distribuições das linhagens genealógicas de ameríndios, europeus e africanos. Entre outras conclusões, o estudo revelou que a contribuição européia se fez basicamente por meio de homens, e a ameríndia e a africana, sobretudo por meio de mulheres. Essas informações, transportadas para a área das ciências humanas, ajudam a entender as relações sociais que permearam a colonização brasileira.

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