XXII- TEXTO COMPLEMENTAR/INTERATIVO
INDIVÍDUOS |
Felipe Moron |
Publicação Original: CBME InFormação Nº 7- Data de publicação original: 01/07/2005
Ao falarmos de coisas da Biologia, é comum nos referirmos a representantes de determinada espécie como indivíduos. Mas afinal, o que caracteriza um indivíduo?
O dicionário Aurélio traz como um dos significados da palavra: “o exemplar de uma espécie qualquer, orgânica ou inorgânica, que constitui uma unidade distinta”. Obviamente, “unidade distinta”, aqui, não deve ser entendida como indivisível, como sugere a origem da palavra: do latim individuu.
Sabemos que toda matéria é composta por átomos. Esses por nêutrons, elétrons e prótons que, por sua vez, são constituídos de outras partículas subatômicas e assim ad infinitum... ou, melhor ainda, rumo ao desconhecido!
Mas nem é preciso ir tão fundo para descobrir que um indivíduo, em sentido biológico, também tem as suas subdivisões. Desde os unicelulares, como as amebas, constituídas por organelas, aos mais complexos, como os mamíferos, com sistemas, órgãos, tecidos, células, etc...
Então, para a Biologia, um indivíduo é algo como “o todo em um”, uma unidade composta por várias partes e que, extraordinariamente, apresenta características de um ser vivo. E isso ocorre desde o seu surgimento, como relata o poeta João Cabral de Melo Neto na primeira parte de “O ovo de galinha”:
“Ao olho mostra a integridade
de uma coisa num bloco, um ovo.
numa só matéria, unitária,
maciçamente ovo, num todo.
Sem possuir um dentro e um fora,
tal como as pedras, sem miolo:
e só miolo: o dentro e o fora
integralmente no contorno.
No entanto, se ao olho se mostra
unânime em si mesmo, um ovo,
a mão que o sopesa descobre
que nele há algo suspeitoso:
que seu peso não é o das pedras,
inanimado, frio, goro;
que o seu é um peso morno, túmido,
um peso que é vivo e não morto.”
Felipe Moron é jornalista e licenciando em Ciências Exatas
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