VIII OBB/2012- OLIMPÍADA BRASILEIRA DE BIOLOGIA

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quinta-feira, 24 de março de 2011

Texto complementar - O valor da Ciência


XI- TEXTO COMPLEMENTAR/INTERATIVO
O VALOR DA CIÊNCIA E A VOCAÇÃO PARA SER CIENTISTA
Quando trabalho e amor se encontram, a inspiração se manifesta na forma de hipóteses e inovações. Isso é fazer ciência
Melissa Barbano Trindade
Publicação Original: CBME InFormação Nº 4- Data de publicação original: 01/06/2004
Quando alcança a adolescência, o jovem se depara com um dos maiores dilemas da sua vida: quais são suas vocações e a qual profissão vai se dedicar. Se resolve ser cientista, independentemente da área a ser escolhida (Biologia, Física, Ciências Sociais...), a questão maior a que se deve ater é: por que fazer Ciência? Qual o seu valor e qual é o papel que o cientista deve desempenhar?
Nesse contexto, o sociólogo alemão Max Weber escreveu sobre as perspectivas de um jovem que decide se dedicar profissionalmente à Ciência. Para Weber, o cientista tem que trabalhar muito, em busca de especialização, porque “apenas a mais rigorosa especialização trará resultados que permanecem”. No entanto, quando se gosta do que se faz, as horas de trabalho são prazerosas e movidas pela curiosidade, só compreendida por quem a experimenta.
Quando trabalho e amor se encontram, criam-se condições para a inspiração se manifestar, porque surgem hipóteses e inovações. Isso é fazer Ciência. “O cientista que formula conjecturas sente a experiência viva da Ciência; sem embriaguez, sem paixão, não tem valor; melhor fazer outra atividade”.
Apesar do glamour que a vida de cientista pode projetar na cabeça de um aspirante, essa carreira demanda décadas de trabalho, e frutos como reconhecimento e desenvolvimento são tardios ou nem chegam a ser colhidos. Antes de ser um ícone, o físico alemão Albert Einstein sentiu o amargor da exclusão científica. Seu pai chegou a escrever em segredo ao Prof. Ostwald, renomado cientista da época, implorando para que lesse um artigo do filho e lhe dirigisse palavras de encorajamento, já que Einstein não conseguia estágio dentre os físicos da época e andava deprimido. Ora, se esse negócio não compensa, por que se faz Ciência?
Segundo Weber, a maior contribuição da Ciência para o homem é a racionalização do mundo, que torna possível prever e explicar, por meio de metodologias e conceitos, desde eventos naturais até atividades humanas. Além disso, ela ensina a pensar, porque ajuda a formular teorias e técnicas utilizadas para se atingir um objetivo. Por fim, elucida os meios para se alcançar esse objetivo. Simplificando, a Ciência permite que se racionalize sobre todas as exigências da vida, porque dá condições de se ter opinião, escolher os meios de resolver um problema e expor com clareza os conceitos em que a opinião está embasada. Conclusão: tudo é preenchido de sentido e explicação, desde o ato de lavar as mãos antes das refeições até o porquê de sermos parecidos com nossos pais.
Com esse alto nível de compreensão da vida, ensinar se torna uma obrigação moral do cientista – e o papel mais importante que ele deve desempenhar. Mas deter o conhecimento não significa ter o dom de ensinar. Assim, o professor deve se esforçar para “expor problemas científicos de maneira tal que um espírito não preparado possa compreendê-lo e formar uma opinião própria”. Não é fácil, mas ele não pode fugir desse dever, chamado Ética da Condição.
Portanto, o cientista-professor tem a responsabilidade de difundir o conhecimento para também dar significado à vida de outras pessoas, e de maneira imparcial, expondo vários pontos de vista (alguns desagradáveis aos seus). Tem que ser o mais claro possível, fugindo da linguagem restrita, para não se tornar um demagogo que usa a Ciência a fim de perpetuar o domínio das elites. Por fim, precisa pensar diferente e ir contra as velhas táticas de fazer Ciência. É isso o que a sociedade espera de quem trabalha com pesquisa e ensino, e é isso o que decisivamente faz um cientista ser bem sucedido e satisfeito com o que sua profissão pode lhe proporcionar.
Este texto foi baseado no livro Ciência e Política: duas Vocações, de Max Weber, e escrito por Melissa Barbano Trindade, doutoranda no Grupo de Biofísica Molecular e Espectroscopia do IFSC e integrante do CBME

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