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quinta-feira, 24 de março de 2011

Texto complementar - Os Transgênicos


XVI- TEXTO COMPLEMENTAR/INTERATIVO
PLANTAS TRANSGÊNICAS: BENEFÍCIOS E RISCOS
A melhoria das características das plantas cultiváveis vem sendo feita pelo homem desde os primórdios da civilização
Celso Eduardo Benedetti
Publicação Original: CBME InFormação Nº 2- Data de publicação original: 01/02/2004
Plantas transgênicas têm sido o foco de grandes debates por parte da sociedade e de governos, que se mostram preocupados com os riscos desses alimentos e que, a princípio, são contra seu cultivo e comercialização. Parte dessa desconfiança sobre a segurança dos transgênicos é fruto do desconhecimento dessa nova tecnologia.
Este artigo procura, assim, esclarecer a questão, trazendo informações sobre como essas plantas são produzidas, de que forma podem ser utilizadas e quais os seus benefícios e possíveis riscos à saúde das pessoas e ao meio ambiente.
A melhoria das características nas plantas cultiváveis vem sendo feita pelo homem desde os primórdios das civilizações, através de cruzamentos entre variedades e seleção de descendentes. Porém, esses programas convencionais de melhoramento são, em geral, demorados e trabalhosos. Com o desenvolvimento da biologia molecular, nas décadas de 70 e 80, surgiu a biotecnologia, que permite a transferência de genes entre espécies e que, aliada às técnicas de regeneração de plantas, possibilita a produção de vegetais com qualidades agronômicas impossíveis de serem obtidas por meio de cruzamento e seleção convencionais.
Como todo organismo geneticamente modificado, OGM, as plantas transgênicas são produzidas em laboratório antes de serem testadas em campo. Nesse processo, um gene responsável por uma característica desejável, proveniente de outro organismo, é inserido no genoma do vegetal.
Essa inserção pode ser feita por dois métodos. Um deles utiliza o sistema natural de transferência feito por uma bactéria que, ao infectar a planta, insere alguns de seus genes no genoma da hospedeira. Com o advento da biologia molecular, os pesquisadores aprenderam a manipular o genoma da bactéria de maneira a fazer com que ela, agora também um OGM, transfira apenas genes de interesse aos vegetais.
Como nem todas as plantas podem ser infectadas pela bactéria em questão, um método alternativo de transferência de genes foi desenvolvido: uma pistola de ar comprimido dispara micro-partículas de ouro recobertas com DNA contendo o gene de interesse sobre uma camada de células vegetais. Ao atingir as células, as micro-partículas liberam o DNA, que é “absorvido” e integrado ao cromossomo das células.
Após a transferência do gene, seja via bactéria ou “bombardeamento”, é feita uma seleção a fim de permitir a regeneração e o crescimento apenas das plantas que contêm o gene transferido. Essas plantas são então levadas para casas de vegetação ou cultivadas em campo sob regime de contenção para verificar se o gene inserido permanece ativo ao longo das gerações e se não é tóxico para humanos, animais e meio ambiente.
Plantas cultiváveis geneticamente modificadas, como soja, milho e algodão, começaram a ser produzidas principalmente nos Estados Unidos, no início da década de 90. Atualmente, os maiores produtores de plantas transgênicas são Estados Unidos, Argentina, Canadá e China. Porém, outros países, como Austrá-lia, Índia e Espanha, já cultivam transgênicos. No Brasil, um Projeto de lei apresentado pelo Governo em outubro de 2003 prevê a proibição de qualquer atividade que envolva OGMs sem que seja comprovada sua segurança para o ambiente e saúde do consumidor.
Por que, afinal, os transgênicos causam tanta polêmica? Entre os OGMs mais cultivados no mundo destacam-se a soja, o milho, o algodão e a canola. As principais características introduzidas nessas plantas são a tolerância a herbicidas e a resistência a insetos, mas também é possível estimular resistência a vírus, bactérias, salinidade e estresse ambiental; aumento do valor nutricional e produção de substâncias para uso farmacológico.  O aumento do plantio de transgênicos em vários países e a grande aceitação dessa tecnologia por parte dos agricultores indica que os OGMs estão abaixando os custos de produção, pois diminuem o uso de pesticidas, defensivos agrícolas e irrigação, proporcionando menor dano ambiental e aumentando a produtividade e a qualidade dos alimentos. Alguns exemplos dos benefícios de plantas transgênicas são listados abaixo:
1. Plantas de arroz receberam genes que aumentam a síntese de vitamina A, cuja carência em algumas populações pode ser suprida por esses vegetais.
2. Genes de resistência a insetos foram introduzidos em culturas como as de milho e algodão. Conseqüentemente, as aplicações de pesticidas são reduzidas e há menos danos ambientais.
3. A resistência a herbicidas foi desenvolvida em várias culturas, em especial na de soja. A vantagem desses grãos em relação aos normais é que o seu plantio pode ser direto, eliminando assim os custos de preparo do solo para receber as sementes. Após o plantio, aplica-se o herbicida e apenas a soja resistente consegue crescer.
4. Plantas transgênicas estão sendo desenvolvidas para produção de vacinas, anticorpos e proteínas, como hormônios usados na medicina e na veterinária. Assim, grandes quantidades dessas substâncias podem ser produzidas por um custo muito menor do que o de qualquer outro sistema já desenvolvido.
Outros exemplos poderiam ser citados. Porém, há controvérsias sobre os benefícios dos transgênicos e a respeito dos possíveis riscos que eles podem trazer. A seguir, algumas das questões mais polêmicas sobre o assunto:
1. Alguns pesquisadores alertam para o fato de que os genes de resistência a herbicidas dos transgênicos podem ser transferidos para plantas daninhas, dificultando o seu controle.
2. Insetos nocivos poderão desenvolver resistência a uma toxina chamada Bt, produzida por algumas plantas transgênicas. Além disso, a presença dessa substância no pólen das plantas pode ser prejudicial a insetos polinizadores que dele se alimentam.
3. Certas substâncias produzidas nos transgênicos podem ser alérgicas ou tóxicas às pessoas. Além disso, há possibilidade de genes que conferem resistência a antibióticos serem transferidos para as bactérias da flora intestinal humana.
A biotecnologia, como qualquer outra tecnologia, é uma ferramenta que deve ser usada com responsabilidade na solução de problemas. É bastante difícil prever qual será a eficácia de todas as iniciativas de desenvolvimento dos transgênicos. Certamente, serão necessários ainda vários anos para que os pesquisadores e a sociedade compreendam melhor seus benefícios e riscos. Portanto, cabe à comunidade científica, aos governos e às empresas que comercializam essas plantas, utilizarem essa tecnologia de maneira a garantir o aumento da produtividade, a melhora na qualidade dos alimentos e a conservação do meio ambiente.

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